sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Pepe , o “Canhão da Vila”, eterno campeão


José Macia. Esse é o nome do atleta de chute mais potente que passou pela Vila Belmiro. Temido pelos zagueiros e goleiros pela violência de seus petardos, era adorado pelos torcedores franceses e, claro, pelos santistas, sendo até hoje lembrado e saudado como o maior ponta-esquerda de todos os tempos do Santos FC.
Mas Pepe não era apenas dono de um portentoso chute. Era técnico, raçudo, completando o mágico quinteto (recitado como um poema: “Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e PEPE”).
Começou cedo na Vila Belmiro e nunca defendeu outro clube enquanto atleta profissional, num caso raríssimo de amor, lealdade e dedicação ao Santos FC.
Pelo Peixe, venceu todos os campeonatos possíveis de serem conquistados em sua época, foi campeão Brasileiro pela Seleção Paulista e ainda Bicampeão Mundial de Futebol pela Seleção Brasileira (Suécia em 58 e Chile em 62).
Um dos primeiros registros de Pepe usando a camisa branca data de 1953, quando, ainda nas categorias de base (com pouco mais de 18 anos), participou de um amistoso do time misto contra uma equipe de marinheiros aportados em Santos:
04/07/1953 - Santos FC (misto) 7x3 Marinheiros do “C. H. Roan” (EUA)
Local: Vila Belmiro – Santos (SP)
Competição: Amistoso não oficial
Gols:Del Vechio (3), Belmiro (2) e Pepe (2)
Até a sua estreia no time principal levou mais algum tempo, e somente em 30 de maio de 1954 é que Pepe começaria jogando uma partida como titular: contra o Guarani FC, num outro amistoso na Vila Belmiro:
30/05/1954 - Santos FC 0x0 Guarani FC (Campinas)
Local: Vila Belmiro – Santos (SP)
Competição: Amistoso
Renda: Cr$ 24.010,00
Árbitro: Antônio Musitano
SFC: Manga; Hélvio e Feijó; Urubatão (Cássio), Formiga e Pascoal; Nicácio, Leal, Álvaro (Hugo), Vasconcelos e Pepe (Carlinhos).
Técnico: Giuseppe Ottina
GFC: Dirceu; Herbert e Manduco; James, Bode e Saraiva; Araraquara (Augusto), Renato (Nonô), Piolim, Romeu e Ismar.
Mesmo assim, pouco atuou em 1954, apenas em três ocasiões. Porém, ao completar 20 anos, chega à titularidade da equipe e participa ativamente da conquista do Campeonato Paulista, eternizando seu nome ao fazer o gol do título, contra o EC Taubaté:
15/01/1956 - Santos FC 2x1 EC Taubaté
Local: Vila Belmiro – Santos (SP)
Competição: Campeonato Paulista de 1955
Renda: Cr$ 350.670,00
Público: estimados em 8.500 (calculados pelo valor médios dos ingressos)
(sócios do SFC não pagavam ingressos)
Árbitro: João Etzel
Gols: Álvaro 15' e Pepe 65' – Berto 54'
SFC: Manga; Hélvio e Feijó; Ramiro, Formiga e Urubatão;  Tite, Negri, Del Vechio, Álvaro  e Pepe.
Técnico: Lula
ECT: Floriano; Rubens e Porunga; Arati, Manduco e Zé Américo; Sílvio, Durval, Berto, Manteiga e Hélio.
Técnico: Aimoré Moreira
A partir daí, Pepe vai subindo degrau por degrau em sua carreira: Bicampeão Paulista em 1956 e a convocação para a Seleção Brasileira, e com apenas 21 anos! A estreia de Pepe ocorre contra a tradicional Seleção Argentina, em Buenos Aires. Empate em 0 a 0, numa partida pela Copa do Atlântico.
Em 1957, é convocado novamente para Seleção, disputando o Sul-Americano e as Eliminatórias. No Santos FC já é titular absoluto, e seu canhão torna-se uma marca registrada. No início do ano, é Campeão Brasileiro, defendendo a Seleção Paulista.
Campeão Mundial na Suécia (1958), sagra-se Campeão Paulista no mesmo ano. O Santos é uma máquina de triturar adversários e marcar gols, monta-se o trio de ataque “PPP” (Pagão, Pelé e Pepe), responsável por “apenas” 145 gols na temporada.
O Torneio Rio-São Paulo é vencido pelo Santos em 1959, e lá esta Pepe garantindo mais uma Taça ao alvinegro. Participa da gloriosa excursão à Europa em 1959, ajudando o Santos a trazer diversas Taças e Troféus à Vila Belmiro.
Em 1960 Paris descobre Pepe (ou Pepê, como os franceses o chamavam) e mais um Troféu para a galeria santista: o torneio de Paris (bi em 1961). No Brasil, o Santos vai seguindo sua trilha de campeonatos: Paulista de 1960, 1961 e a Taça Brasil de 1961 (o Campeonato Brasileiro da época). No meio do caminho, uma façanha: artilheiro do Torneio Rio-São Paulo de 1961 com 9 gols (13 partidas).
Chega à Copa do Mundo no Chile, e a presença de Pepe como titular da Seleção é algo mais que natural. Porém, uma contusão pouco antes de iniciar a competição impede o grande craque de entrar em campo. Na volta ao Brasil, já recuperado da contusão, participa da “guerra” contra o Peñarol na decisão da Libertadores e da aula de futebol contra o grande Benfica de Eusébio, na final do Mundial Interclubes.
O ano de 1963 reserva o ápice de conquistas de Pepe e do Santos FC, com o Bicampeonato Mundial Interclubes. Foi, sem dúvida, uma sequência impressionante de conquistas: Campeonato Paulista de 1961; Taça Brasil de 1961; Libertadores de 1962; Mundial Interclubes de 1962; Paulista de 1962; Taça Brasil de 1962; Rio-São Paulo de 1963; Libertadores de 1963; Mundial Interclubes de 1963.
Foram nove Campeonatos e nove títulos!
E Pepe foi decisivo (mais uma vez) no Bimundial, autor de dois dos quatro gols que desmontaram o fortíssimo Milan, no encharcado Maracanã:
14/11/1963 - Santos FC 4x2 Milan AC (ITA)
Local: Maracanã - Rio de Janeiro (GB)
Competição: Mundial Interclubes
Renda: Cr$ 98.075.500,00
Público: 132.728
Árbitro: Juan Brozzi (ARG)
Gols: Pepe (f) 50' e (f) 67', Mengálvio 54' e Lima 63' – Mazzola 12' e Mora 16'
SFC: Gilmar; Ismael, Mauro Ramos de Oliveira e Dalmo; Haroldo e Lima; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Almir “Pernambuquinho” e Pepe
Técnico: Lula
MAC: Ghezzi; Davi, Maldini e Trebi; Trapattoni e Pelagalli; Mora, Lodetti, Rivera, Mazzola e Amarildo.
Técnico: Luiz Antônio Carniglia
Nesse mesmo ano, aconteceriam as últimas apresentações de Pepe com a camisa “canarinho”.  
Pepe ficaria como dono absoluto da ponta-esquerda até 1965. Aos 30 anos, divide a “11” com o jovem Abel, e no ano seguinte surgiria o menino Edu. Os torcedores santistas costumavam dizer que no Santos havia a maior densidade de craques com a 11 em todo Brasil: Pepe, Edu e Abel.
No sólido time de 1968, Pepe também se destacou pelo alvinegro, participando de 29 partidas na temporada e marcando 13 gols. Chegou a ser convidado a jogar na Portuguesa e em outros clubes, mas recusava (sempre) todas as ofertas. O coração alvinegro falava mais alto.
A rotina de títulos continuou e só terminou em 1969, quando, ao dar a volta olímpica em Vila Belmiro, despediu-se dos gramados numa chuvosa noite de sábado.
Deixou a camisa 11 de lado, mas não deixou o Santos. Foi trabalhar nas categorias de base do clube, passou a auxiliar técnico e, em 1972, assume o comando técnico do Peixe. Em 1973, organiza um grande time com Cejas, Carlos Alberto Torres, Marinho Perez, Clodoaldo, Pelé e Edu e ganha o Paulista (dividido com a Portuguesa) daquele ano. 
Por toda essa história, é que Pepe ficará marcado para sempre na memória dos santistas mais antigos e reverenciado pelos mais novos.
Extraído do site Oficial do Santos:
http://www.santosfc.com.br/pepe/default.asp?id=173

Santos FC se despede da temporada 2012 em duelo com o Palmeiras, neste sábado (01), na Vila Belmiro

Santos FC se despede da temporada 2012 em duelo com o Palmeiras, neste sábado (01), na Vila Belmiro

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Que venham mais 100 anos de “molecagens”!





Alexandre Sanches Gimenes -
Um “velhinho” com a alma “moleque”. É dessa forma que eu defino o Santos Futebol Clube. O time brasileiro mais famoso do mundo está completando um século de vida.
Difícil não se render à magia da Vila mais famosa do Mundo. O ‘glorioso alvinegro praiano’ tem um charme a mais pelo clima litorâneo do seu dia-a-dia. Aliás, todos os amantes do futebol deveriam ter o privilégio de assistir a um jogo no estádio Urbano Caldeira, a popular VILA BELMIRO. Aquele gramado tem história de sobra, hein!?

Impossível não se encantar com os dribles da “jóia da Vila” Neymar. Que moleque é esse cuja esperança foi depositada quando ele ainda era apenas uma criança. E a promessa se tornou realidade. Craque de bola. Monstro! Dizer o que dos passes precisos de PH Ganso, o “maestro” da atual geração. Vendo-o jogar bola, parece ser muito fácil praticar esse esporte. Os títulos, são apenas uma consequência!

E o que falar das inacreditáveis pedaladas de Robinho, numa final de Brasileiro emocionante sobre aquele rival que todos gostam de vencer, o Corinthians. E que campanha maravilhosa aquela, com os gols do artilheiro Alberto, a força de um meio-campo formado por Renato e Elano. Dos gols essenciais de Diego, outro craque da 2ª geração. Léo, André Luis, Alex-Xerife. Sem esquecer dos milagres do goleiro-maluco Fábio Costa. Pegou até pensamento naquela decisão!


Voltando um pouco no tempo, lembramos da genialidade do “messias” Giovanni. Ah, aquele vice-nacional de 95 ainda dói no peito do torcedor alvinegro. Ah senhor Marcio Rezende de Freitas. Vai ser difícil conseguir o perdão da torcida pelos erros na final disputada no Pacaembu. Vida que segue!

11 anos antes, o raçudo goleador Serginho Chulapa fazia o gol quem impediria o tricampeonato paulista do Corinthians. Festa dos santistas no estádio do Morumbi. Indo mais além, reverenciamos a segurança do goleiraço Gilmar dos Santos Neves. Dos esquadrões formados por Coutinho, Zito, Edu, Mengálvio, Dorval, e companhia bela. Do maior artilheiro da história do Peixe (dentre os mortais), Pepe, o “Canhão da Vila”: nada menos que 405 gols com o manto alvinegro.

São muitos ídolos. Várias gerações de “Meninos da Vila”. E que se renovam a cada temporada. Parabéns Santos, por elevar o esporte futebol a categoria: arte!

E é óbvio que não dá pra falar do Santos sem citar o maior jogador de todos os tempos: Édson Arantes do Nascimento, mas pode chamar de Pelé. Apenas 4 letras: conhecidas provavelmente em outras galáxias. Sinônimo de Santos. Falou em Pelé, falou em Santos FC. Maior artilheiro da história do Peixe: inacreditáveis 1091 gols. Mais de mil, com a mesma camisa? Nunca, nunca mais. Nem Messi conseguirá tal façanha. Nem Cristiano. Nem Neymar. Nem ninguém!
Parabéns torcedor santista, por poder bater forte no peito, e gritar bem alto pra todo mundo ouvir:
“Nascer, viver e no Santos morrer… é um orgulho que nem todos podem ter!”
#UmForteAbraço
Piblicado abril de 2012
http://diario.esporteinterativo.com.br/futebolpaulista/2012/04/14/vai-pra-cima-deles-santos-mais-100-anos-de-molecagens/

O dia em que a Cambarense detonou o glorioso Santos

Gilberto da Silva

publicado em 20/03/2008 na Revista Partes
1952, eu ainda não havia nascido, e no dia 18 de maio, na cidade de Cambará, no norte do Paraná, a população amante do futebol pode presenciar um espetáculo que dificilmente veria em outros tempos...
O futebol do Paraná encontrava-se em franca expansão para o interior. O CAMA de Monte Alegre consegue o quarto lugar e o Jacarezinho, o terceiro, na frente de clubes como o Ferroviário e o Atlético. O campeão foi, neste ano, o Coritiba. Em 1953, a Associação Atlética Cambarense, em seu segundo ano na Primeira Divisão, disputou o título até a última rodada com o time da Vila Capanema, o Ferroviário (Jogou assim: Augusto, Alceu, Baltazar, Belacosa, Bino, Botina, Carlito, César Frizzio, Deolindo, Rubens, Zequinha).  Mas em Cambará, o time da casa havia vencido. Mas em 1954, devido a problemas financeiros a Cambarense desiste de disputar o campeonato paranaense. O time tinha sido fundado em 6 de janeiro de 1950.
Mas voltemos a pequena Cambará que naquele 18 de maio recebe o Santos Football Club para enfrentar o Atlético Cambaraense num jogo apitado por Amaral Sobrinho.
O amistoso rendeu CR$ 47, 109,00 e o amistoso termina em 4 x 2 para a Cambarense.. Não foi fácil ganhar daquele Santos de Manga, Expedito, Pascoal, Alemão, Cento e Nove, Nicacio, Góes e Canhoto. Era um timaço.
Pela Cambarense jogaram Nelsino (Tonico), Deolindo, Pelanca, Zé Antonio, Taubaté (Moreira), Augusto, Zezinho (Pé de Chumbo), Lamorares, Baltazar, Acir e Zequinha. Pelo Santos marcaram Alemão e Pascoal; pelo Cambaraense, Pé de Chumbo (2), Acir e Zequinha.
O amistoso ficou para a história do clube nascido na Vila Rubim, os cambaraense desfilaram contentes pela avenida Brasil.